A história da ideia de Deus


Nas mais antigas cosmogonias (descrições da genealogia dos deuses) há dois tipos principais de deuses: os deuses relacionados às forças da natureza: chuvas, estações, trovões, astros e os deuses relacionados aos hábitos humanos: da guerra, do vinho, da fertilidade... Com o surgimento das monarquias, os deuses foram utilizados ainda para reivindicar poder ao monarca, sendo esse muitas vezes considerado Deus ou filho de Deus.
As tradições mais antigas da Bíblia, oriundas de Canaã, estão ainda marcadas por um contexto cultural politeísta. Não se pode falar de um Monoteísmo no contexto de toda a Bíblia, mas nos textos mais antigos há sim uma busca de uma monolatria. Reconhece-se a existência de outros deuses, embora eles não possam ser adorados.
Neste período a Bíblia refere-se a Deus com o nome “El”, o qual integrava o panteão das civilizações mesopotâmicas e de Canaã, sendo ele o pai dos deuses, o qual presidia o conselho ou assembleia dos deuses. Este Deus Pai está vinculado também aos Pais do povo (Abraão, Isaac, Jacó).
Tradições religiosas da região do Sinai, por sua vez, formada por escravos fugitivos do Egito cultuavam El Shadai, o Deus guerreiro, o Deus libertador. O grupo de Moisés, que recebeu a revelação do nome de Iahweh, tiveram contato com o grupo do Sinai.
As tradições relacionadas a El, foram somadas as tradições relacionadas a Iahweh de forma que estes foram fundidas na ideia de um Deus mais forte e superior a outros deuses.
Neste período havia a ideia do deus nacional. Ou seja cada nação e sua terra estava vinculada a um deus. Se uma nação vencia a outra e a dominava significava que seu deus era mais poderoso.
No período exílico o povo hebreu chegou a compreensão de um Deus único criador de todas as coisas. Tendo sido eles dominados pela Babilônia, entenderam que sua derrota não foi decorrente do poder dos deuses babilônicos, mas porque seu Deus utilizou-se de outras nações para castiga-los por seus pecados. No período do Exílio os hebreus tiveram contato com a cosmogonia babilônica nos quais os elementos da natureza eram considerados como deuses. Em sua tradição religiosa, no entanto, os elementos da natureza eram considerados obra das mãos de Deus. Então ao afirmar que os elementos naturais são criaturas de Deus, é uma forma de rebaixar as divindades babilônicas. É desta época o primeiro capítulo do Gênesis.
Na tradição hebraica, Deus era responsável pelas leis de conduta. Dele emanavam as leis e ele fazia o julgamento recompensando cada um segundo suas obras por meio da bênção/prosperidade ou da maldição (doenças, miséria...).
Jesus amparado pela tradição profética transformou a compreensão da relação entre Deus e a justiça dos homens, apresentando um Deus menos carrasco e mais paciente com os homens, na expectativa de uma mudança de vida por parte deles. Assim como ensinou que o sofrimento humano não era castigo de Deus, mas responsabilidade humana.
A ideia da filosofia grega de um Sumo Bem, o  Absoluto reforçou a ideia da existência de um único Ser Supremo
Por causa da fé de que Jesus seria Filho de Deus, houve a necessidade de fundamentar a possibilidade de uma complexidade na divindade, sem entrar em contradição com a ideia de um Deus único.
E dessa forma utilizando da filosofia neoplatônica, principalmente das ideias de Plotino, os teólogos formularam o conceito de um deus uno e trino, pois além do Pai e do Filho as Escrituras mencionavam o Espírito Santo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A RELIGIÃO INDO-EUROPÉIA

Da Natureza aos Deuses

Religiões do oriente próximo