Da Natureza aos Deuses


A possibilidade de percepção do mundo pelos seres humanos se deu mediante sua capacidade de observação e cognição através dos órgãos dos sentidos e da noção de espaço e de tempo, em função das suas necessidades básicas, das suas emoções, da autoconsciência, da sua relação de dependência, e ao mesmo tempo da desidentificação com os eventos externos. Ele sente fome, sede, frio, calor... ele precisa caçar, colher, encontrar água pura, defender-se das feras... ele se maravilha com o movimento do sol ao longo do dia, o aparecimento da lua e das estrelas à noite. Ele percebe os ciclos naturais, as nuances das forças externas que operam em seu cotidiano, toma consciência dos ciclos reprodutivos, enfrenta enfermidades, encara a morte.
A percepção da natureza pelo homem se dá já com uma conotação religiosa. A noção religiosa surge como forma da relação e da compreensão do homem em relação à natureza, e aos fatos da vida. O humano se vê assim como objeto da causação da natureza e da vida que são superiores a este. A natureza e suas forças, para o homem primitivo, são divinas, enquanto não dependem do querer humano, mas proveem os meios e os desafios para sua sobrevivência.
Tentativas de reconstrução da tradição protoindoeuropéia, que seria o embrião da cultura de vários povos desde a Índia até a Europa, e que dataria da idade do Bronze, a partir da pesquisa linguística, sugere que tais elementos possivelmente eram seres divinos na referida tradição, com algumas discordâncias entre pesquisadores: céu-sol, terra, trovão, profundezas, lua.
As mitologias teoricamente advindas dessa tradição apresentariam divindades relacionadas a estes elementos naturais, o que é demonstrado pela linguística, pois nomes de divindades com radicais aproximados no sânscrito, no persa, no eslavo, no germânico, no céltico, no grego e no armênio, revelam divindades com características semelhantes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A RELIGIÃO INDO-EUROPÉIA

Religiões do oriente próximo